florestas

Floresta dos plátanos, choupos, freixos, faias, salgueiros, olmos, oliveiras, castanheiros, carvalhos, sobreiros, azinheiras, pinheiros bravos e mansos....
Um blog para seres da floresta, do deserto, dos grandes mares, das planícies, das montanhas, dos rios, das rias, das cidades... não acessível a tias!

domingo, dezembro 31, 2006

sábado, dezembro 30, 2006


Extingue-se o dia
mas não o canto
da cotovia

Matsuo Bashô
Ia o Sol já preparado
à tarde, p' ra s' esconder.
Mas viu-te ficou parado
e adormeceu sem morrer.

Sebastião da Gama

segunda-feira, dezembro 25, 2006

domingo, dezembro 24, 2006

sábado, dezembro 23, 2006

Natal com renas



Nas casas de hoje há muitos problemas de arrumação. Há sempre coisas fora do sítio, ou não há sítio para as coisas. Isto é mais verdade nas casas das pessoas ricas e poderosas, como aquelas que têm poder para lixar a vida dos outros, não que eu as visite, mas tenho um amigo que subiu na vida (sem ser a pulso, mas a tornozelo) e que ainda hoje me atura e me vai dando alguns pormenores das casas dessas pessoas, que ele frequenta e eu não.
Foi a pensar nisso que eu me pus a pensar como seria bom que certas pessoas fossem renas, cabides não faltariam para pendurar as coisas hoje mal arrumadas, ficaria tudo dependuradinho e a rena arrumada também em qualquer lado...
Estou-me a lembrar de coisas que se poderiam pendurar nos cabides orgânicos de algumas pessoas. Por exemplo: o despacho 13 599, o ECD, a reforma tardia, as aulas de substituição não pagas, os dichotes maldizentes sobre professores, o congelamento das progressões, a impossibilidade de progressão, a desvalorização de uma classe inteira, enfim as inúmeras coisitas que têm para pendurar e... arrumar.
É por isto que eu acho que algumas pessoas se deviam transformar em renas: faziam as delícias da pequenada que viam alguma utilidade em certos bichos, ganhavam espaço de arrumação, davam utilidade aos cabides ponteagudos que possuem, tornavam a documentação de mais fácil consulta (sempre exposta), incorporavam melhor o espírito natalício... Enfim, só vantagens!
É isso que lhes desejo neste Natal! Que se transformem em renas e fiquem mais arrumadas!

quarta-feira, dezembro 20, 2006

A minha Pátria é a TLEBS

NATAL À BEIRA-RIO

Repito um poema de DMF que coloquei noutro blog, há para aí um ano...
Mas se é Natal e gosto...
E se tem rio...
E se sabe a Lisboa
a que não resisto...

NATAL À BEIRA-RIO

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

David Mourão-Ferreira

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Confiança





O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura…
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova…

Ainda Miguel Torga

domingo, dezembro 17, 2006

Dies Irae

Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!

Miguel Torga

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Hai-Kais


Sentado, escreve e lembra
imagens que não viu.

Jorge de Sena
Amei a mulher amei a terra amei o mar
amei muitas coisas que hoje me é difícil enumerar
De muitas delas de resto falei

Ruy Belo

Copiando um gosto... matemático!


O sol arde
sem compaixão
Mas o vento é de Outono


Matsuo Bashô


Imagem retirada de:http://www.ovillan.com/plantando-libros.htm



quarta-feira, dezembro 13, 2006

O G(U)IA

Numa escola dos arredores de Lisboa, onde passei grande parte da minha vida profissional, existe há alguns anos um projecto de nome G(U)IA - Gabinete de Integração dos Alunos...
Nesse espaço recebem-se os alunos com mais dificuldade de integração na escola, os que querem desabafar, os que "apenas" querem conversar, os que nada querem "dizer" (por palavras), os que "vêm para a rua" e depois voltam às aulas (ou não), os passageiros habituais que querem saber coisas dos professores e da escola, enfim os alunos que lá queiram ir...
Participei nesse projecto, como em muitos outros, porque me entendia como professor numa perspectiva ampla, capaz de responder às questões da minha matéria e de dar contributos para a resolução de problemas dos "meus miúdos", utilizando a minha experiência, algum saber acumulado ao longo dos anos de ensino e de convivência com os "putos".
Um dia tive de sair da escola, não era do quadro de lá... era de outro quadro.
E despedi-me!
Com um relatório de actividades.
Assim:

O G(U)IA É POESIA

É o professor que o envia
E o professor que o ouvia
Mais o aluno que queria
E aquele que nada dizia

É o que diz tudo
É o outro carrancudo
É um zangado
E outro apaixonado

É o miúdo que ri
Um que não queria estar ali
Este que só fala
Aquele que tudo cala

É um Sempão
É outro sem razão
É um Botelho
E um espelho

É o puto irritado
É o sorriso disfarçado
É o riso daqui
É o choro dali

É a história que se conta
No livro em que se aponta
Aquilo que se fez
Tudo de uma vez

É um problema
Às vezes um dilema
Uma coisa importante
Um instante

É um momento
Um acontecimento
Uma presença
Sem sentença

É a coordenadora
Uma senhora
Uma Graça
Que não passa...

É um Guia
Uma mania
De encontrar
Uma maneira de estar...


Ecce

Hoje relembro esses tempos (que não situo no tempo)!
E acho que tudo isto ainda faz sentido!
O resto é que já não!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

ES PAP

Bem-Vindo ao site da ES PAP - Empresa de Serviços Para Alojamento de Penduras.

Amigo nosso que esteja pendurado, a ganhar só 3000 E por mês, nós alojamos. Já temos alojados 34 directores, 272 subdirectores, 2176 assessores da direcção, 17408 chefes de gabinete, de sub-gabinete, de sala, de despensa, 139264 secretárias, secretários e outros operários de gestão de recursos humanos excedentários.
Desalojamos uns rapidamente e alojamos outros ainda com mais velocidade.
Por cada desalojado, criamos 8 amigos alojados.
O nosso lema é o nosso tema:
Alojamos a Amizade para uma Administração de Qualidade!
É bonita a amizade!
Um valor a preservar!

domingo, dezembro 10, 2006

Debate

O debate sobre temas da educação está obsoleto. O Ministério não o diz, mas age como se esta fosse uma verdade absoluta, tão absoluta que o tema não o preocupa! Isso é preocupante, mas para os responsáveis é irrelevante!
Temos um ME actuante, de falta de legislação ninguém o pode acusar, mas submetido a uma lógica empresarial, que obviamente nada tem a ver com as escolas.
Adoptaram-se chavões "novos" - racionalização de meios, produtividade, empreendedorismo, eficácia, polivalência, mobilidade, excelência e outros - todos eles medidos por indicadores "estatísticos", que deixam de fora muito do que se passa nos sítios em que a educação se faz...
Deixa-se de fora o que de "Humano" se passa nas escolas. Esqueceu-se o manancial de motivação e de vontades que faz funcionar parte substancial do sistema.
Reduzidos a exercícios aritméticos e estatísticos que têm à força de dar certo, alunos, professores e funcionários veêm-se enredados numa teia...
Uma teia que apenas espera deles que não dêem muita despesa, sejam eficazes mas sem saberem bem em quê...
Em tudo?
Em que partes têm de ser excelentes? Em todas?
Ou aponta-se para a excelência com o claro objectivo de que não se atinja e se possa, deste modo, "racionalizar os custos"?
Como vai longe a "Formação Cívica" que a escola devia prestar...
Como está longe o papel de "Ensinar" que a escola devia ter...
Quem se interessa por isto?
O ME não! A sociedade, aparentemente, também não, presa que está da pressão dos discursos manipuladores de quem não quer que o cidadão pense!

"O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar"

O Vosso tanque General, é um carro forte


O Vosso tanque General, é um carro forte

Derruba uma floresta esmaga cem

Homens,

Mas tem um defeito

- Precisa de um motorista


O vosso bombardeiro, general

É poderoso:

Voa mais depressa que a tempestade

E transporta mais carga que um elefante

Mas tem um defeito

- Precisa de um piloto.


O homem, meu general, é muito útil:

Sabe voar, e sabe matar

Mas tem um defeito

- Sabe pensar


Bertold Brecht

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Preocupações


Milu é um miúda preocupada!

Digo miúda, porque efectivamente é miúda [no sentido de pequenina, minimalista, com ideias muito básicas e um voluntarismo de miúda a quem foi prometida um prenda e que agora não larga os pais até a a obter].

É uma miúda preocupada e voluntariosa!

Dito isto, Sis Nistra vem fazendo um trabalho de excepção que resulta do labor intelectual em que labuta para resolver as suas preocupações.

As preocupações não são muitas, mas são de peso:
a) Fazer escolas "boas" para agradar ao chefe;
b) Fazer escolas "boas" sem professores;
c) Fazer escolas "boas" sem investir na educação;
d) Fazer escolas "boas" sem cidadãos;
e) Fazer escolas "boas" para agradar aos empresários (palavra que em Portugal podia ser substituída por subsidiários)
f) Fazer escolas "boas" para agradar aos comentadores;
g) Fazer comentadores para agradar à populaça;
h) Fazer crer ao mundo que a salvação do país depende do nível de castigos a aplicar aos professores (esses calaceiros) ;
i) Fazer acreditar que se está a tratar de educação, quando na realidade se está a falar de desacreditação inteirinha de uma classe, em benefício da poupança insana, a ser consumida noutro lado qualquer, com uma elite qualquer, de poderes insondáveis.
j) Fazer crer que o país jamais avançará se ela não fizer dos professores seres obedientes e cumpridores (mais assim: frágeis, dependentes do miserável ordenado que lhes paga...);
l) Fazer das escolas reproduções acéfalas da vontade de um ou dois iluminados, vindos sabe-se lá de onde até aos cargos nacionais que hoje ocupam, com um misto de sabedoria ( e sensaboria) e exigência ( afinal o país tem de progredir);
m) Fazer crer que o seu discurso vazio de ideias e medíocre é o discurso necessário, o programa que salva, o Messias que aí vem...

Depois disto tudo, ainda há quem lhe venda lingerie ( visão apocalíptica) e que lhe lave a roupa interior (obrigado Almada, por nos dares ideias...)

Se falarmos de cuecas e cagadas não estamos longe de verdade, mas sempre nos dirão que o mau cheiro vem das aulas, que quem produz o mau cheiro são os professores, esses privilegiados incontinentes, a quem, definitivamente, é preciso pôr travão!

É que toda a merda do país se concentrou nas escolas e não há perfume que resolva, deve-se portanto proibir os professores de evacuar, pelo menos nas horas de serviço!

“Quem evacuar jamais será titular”, parece ser esse o slogan de Sis Nistra…

E um peidinho posso dar?

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Perfilados de medo

Perfilados de medo, agradecemos
o medo que nos salva da loucura.
Decisão e coragem valem menos
e a vida sem viver é mais segura.

Aventureiros já sem aventura,
perfilados de medo combatemos
irónicos fantasmas à procura
do que fomos, do que não seremos.

Perfilados de medo, sem mais voz,
o coração nos dentes oprimido,
os loucos, os fantasmas somos nós.

Rebanho pelo medo perseguido,
já vivemos tão juntos e tão sós
que da vida perdemos o sentido . . .

Alexandre O'Neill

sábado, dezembro 02, 2006

O ME mudou de instalações


A nova morada é:




Para a História do Adjectivo em Portugal|||

Vigaristas, intrujões, trapaceiros, burlões, mentirosos, embusteiros, charlatães, trafulhas, aldrabões, enganadores, falaciosos, pulhas, impostores, falsos, cabotinos, pantomineiros, trampolineiros, incompetentes, capciosos, falaciosos, traiçoeiros, falsos, hipócritas, inaptos, arrivistas, manhosos, ardilosos, cavilosos, fraudulentos, pérfidos, aleivosos, desleais, fingidos, dissimulados, velhacos, untuosos, incapazes, ambiciosos, videiristas, bajuladores, untadores, enganosos, impostores, insidiosos, perversos, afectados, encobertos, sonsos, dúplices, arteiros, gordos, gordurentos, gordurosos, oleosos, escorregadios, ineptos, ignorantes, estúpidos, açambarcadores, avaros, ávidos, cobiçosos, gananciosos, interesseiros, invejosos, aduladores, servis, lisonjeadores, louvaminheiros, lambe-botas, engraxadores, graxistas, falazes, corruptos, corrompidos, desumanos, maus, inúteis, ruins, disfarçados, embuçados, finórios, anafados, besuntados, sebentos, sebosos, perigosos, evasivos, furtivos, imbecis, incultos, obtusos, estultos, néscios, ignaros, boçais, burros, asnos, asininos, lerdos, baixos, torpes, vis, sabujos, sôfregos, insaciáveis, egoístas, abjectos, manteigueiros, putrefactos, bastardos, abastardados, carniceiros, selvagens, ferinos, ferozes, brutais, imorais, amorais, execrandos, iníquos, malditos, daninhos, nocivos, nefastos, funestos, matreiros, cevados, emporcalhados, lambuzados, imundos, nojentos, tontos, patetas, mentecaptos, aziagos, mórbidos, doentios, insalubres, malignos, desonestos, indignos, obscenos, sórdidos, reles, ignóbeis, repugnantes, asquerosos, miseráveis, desprezíveis, hediondos, repulsivos, nauseabundos, pestilentos, injustos, irresponsáveis, imprudentes, levianos, ligeiros, insensatos.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Sociedade...Social!

Aviso Importante: Este escrito não é um exercício de demagogia!

Segundo a National Geographic de Dezembro, "o governo da Grã-Bretanha oferece empréstimos livres de juros para comprar arte. Desde que comprem uma peça de arte (pintura, escultura, têxtil,vidro, cerâmica) de uma das 250 galerias participantes, os britânicos podem contrair empréstimos até 2 760 euros e têm dez meses para pagar. (...) Já foram autorizados mais de 4500 empréstimos no valor de 4,7 milhões de euros."
Fica a aqui uma sugestão para o governo nacional, uma forma de dar resposta às preocupações sociais que tem demonstrado como nenhum governo europeu. Podia o governo lançar uma campanha de sobrevivência, concedendo empréstimos avultados a pagar em três gerações. A propaganda a estas medidas (coisa que o governo tem usado pouco) poderia ter o seguinte slogan:
"Sobreviva hoje que o seu neto paga amanhã!"
Às famílias que conseguissem sobreviver, seria atribuído um cupão electrónico ou um chip (modelo choque tecnológico) a incorporar no corpo dos descendentes responsáveis pelos pagamentos, de modo a que eles não se esquecessem de os efectuar.
É apenas uma sugestão! Os senhores ministros, nas suas infinitas sabedorias, decidirão!
A maior desgraça que pode acontecer a um artista é começar pela literatura, em vez de começar pela vida.
Miguel Torga

procure outras florestas, outras árvores, não hesite...