Numa escola dos arredores de Lisboa, onde passei grande parte da minha vida profissional, existe há alguns anos um projecto de nome G(U)IA - Gabinete de Integração dos Alunos...
Nesse espaço recebem-se os alunos com mais dificuldade de integração na escola, os que querem desabafar, os que "apenas" querem conversar, os que nada querem "dizer" (por palavras), os que "vêm para a rua" e depois voltam às aulas (ou não), os passageiros habituais que querem saber coisas dos professores e da escola, enfim os alunos que lá queiram ir...
Participei nesse projecto, como em muitos outros, porque me entendia como professor numa perspectiva ampla, capaz de responder às questões da minha matéria e de dar contributos para a resolução de problemas dos "meus miúdos", utilizando a minha experiência, algum saber acumulado ao longo dos anos de ensino e de convivência com os "putos".
Um dia tive de sair da escola, não era do quadro de lá... era de outro quadro.
E despedi-me!
Com um relatório de actividades.
Assim:
O G(U)IA É POESIA
É o professor que o envia
E o professor que o ouvia
Mais o aluno que queria
E aquele que nada dizia
É o que diz tudo
É o outro carrancudo
É um zangado
E outro apaixonado
É o miúdo que ri
Um que não queria estar ali
Este que só fala
Aquele que tudo cala
É um Sempão
É outro sem razão
É um Botelho
E um espelho
É o puto irritado
É o sorriso disfarçado
É o riso daqui
É o choro dali
É a história que se conta
No livro em que se aponta
Aquilo que se fez
Tudo de uma vez
É um problema
Às vezes um dilema
Uma coisa importante
Um instante
É um momento
Um acontecimento
Uma presença
Sem sentença
É a coordenadora
Uma senhora
Uma Graça
Que não passa...
É um Guia
Uma mania
De encontrar
Uma maneira de estar...
Ecce
Hoje relembro esses tempos (que não situo no tempo)!
E acho que tudo isto ainda faz sentido!
O resto é que já não!
Nesse espaço recebem-se os alunos com mais dificuldade de integração na escola, os que querem desabafar, os que "apenas" querem conversar, os que nada querem "dizer" (por palavras), os que "vêm para a rua" e depois voltam às aulas (ou não), os passageiros habituais que querem saber coisas dos professores e da escola, enfim os alunos que lá queiram ir...
Participei nesse projecto, como em muitos outros, porque me entendia como professor numa perspectiva ampla, capaz de responder às questões da minha matéria e de dar contributos para a resolução de problemas dos "meus miúdos", utilizando a minha experiência, algum saber acumulado ao longo dos anos de ensino e de convivência com os "putos".
Um dia tive de sair da escola, não era do quadro de lá... era de outro quadro.
E despedi-me!
Com um relatório de actividades.
Assim:
O G(U)IA É POESIA
É o professor que o envia
E o professor que o ouvia
Mais o aluno que queria
E aquele que nada dizia
É o que diz tudo
É o outro carrancudo
É um zangado
E outro apaixonado
É o miúdo que ri
Um que não queria estar ali
Este que só fala
Aquele que tudo cala
É um Sempão
É outro sem razão
É um Botelho
E um espelho
É o puto irritado
É o sorriso disfarçado
É o riso daqui
É o choro dali
É a história que se conta
No livro em que se aponta
Aquilo que se fez
Tudo de uma vez
É um problema
Às vezes um dilema
Uma coisa importante
Um instante
É um momento
Um acontecimento
Uma presença
Sem sentença
É a coordenadora
Uma senhora
Uma Graça
Que não passa...
É um Guia
Uma mania
De encontrar
Uma maneira de estar...
Ecce
Hoje relembro esses tempos (que não situo no tempo)!
E acho que tudo isto ainda faz sentido!
O resto é que já não!
1 comentário:
Fazer, faz...
Mas fará até quando?... ou fará enquanto quem?
Quando estiver tudo formatadinho, pessoas e acções, cada pecinha voltará ao seu lugar perdido há uns anos (vai para 30 e picos)... nessa altura deixarão de ser precisos "guias".
PS: relatório bonito!
:)
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