florestas

Floresta dos plátanos, choupos, freixos, faias, salgueiros, olmos, oliveiras, castanheiros, carvalhos, sobreiros, azinheiras, pinheiros bravos e mansos....
Um blog para seres da floresta, do deserto, dos grandes mares, das planícies, das montanhas, dos rios, das rias, das cidades... não acessível a tias!

terça-feira, novembro 28, 2006

Depois do ECD o EBM


Depois de publicar o ECD, Milu, preocupada que anda com a alarvaria dos docentes, decidiu fazer publicar o EBM - Estatuto das Boas Maneiras, tendo por base um texto ainda hoje muito actual, publicado no século XIX por um assessor (do Ministério da Educação de hoje?) de nome João Félix.

Ramalho Ortigão, em As Farpas, escreveu sobre o assunto:

"Em Portugal todas essas coisas se aprendem nas escolas de instrução primária, e da disciplina formada do conjunto desses preceitos são os alunos devidamente examinados nos liceus nacionais.

O mestre das maneiras portuguesas não é Talma, nem Madame de Girardin, nem Balzac, nem Emerson, nem Carlos Dickens. É simplesmente o Sr. João Félix Pereira, médico, engenheiro civil e agrónomo.

Vejamos algumas dessas leis que as crianças decoram para os seus exames e pelas quais os adultos se governam nas suas correlações sociais.

Para que o sujeito possa a todos os respeitos considerar-se um gentleman, acha conveniente o Sr. João Félix:
1º Que ele faça a barba.
2º Que se não ponha à janela em mangas de camisa nem com o pescoço descoberto.
3º Que quando escarrar o não faça sobre a cara de pessoa com quem fale (maxime se é uma pessoa de respeito!)
4º Que não tenha os olhos em contínuo movimento.
5º Que nos jantares de etiqueta não limpe os ouvidos com o palito com que houver de palitar os dentes.
6º Que não arrote à mesa.

O Sr. João Félix especifica ainda, com um escrúpulo pelo qual nunca lhe poderemos votar o suficiente reconhecimento, que diante de gente de respeito se não cortem as unhas. E assim é! Achando-nos na presença de pessoas que respeitemos, como, verbi gratia, Sua Majestade El-Rei, um príncipe estrangeiro, um embaixador ou uma rainha, o pormo-nos repentinamente a cortar as unhas - principalmente sendo estas as dos pés - poderia ser tido por acto menos palaciano.

Se o Sr. João Félix nos permitisse um leve apêndice aos seus conspícuos preceitos, diríamos que cortar os calos nos parece também operação que só em caso de muita necessidade nos deveremos permitir no meio de grandes assembleias.

Quando se transpire depois da valsa, mudar de camisa no meio de um salão, sem previamente haver obtido para esse fim a permissão da dona da casa, igualmente nos ocorre que poderia por alguns ser talvez arguido como acto de menos etiqueta...

Tratando do modo de proceder à mesa do jantar faz o Sr. João Félix Pereira duas observações muitíssimo sábias.

A primeira é que não tomemos pitada de rapé pelo meio das coisas que estivermos comendo.
Compreende-se todo o alcance desta advertência, reparando-se, por um só momento que seja, nos equívocos a que podia dar origem a concorrência do rapé com os acepipes, resultando por exemplo lançar-se a pitada sobre a salada e meter-se no nariz beterrabas!

A segunda advertência é que nunca metamos bocado nenhum na boca enquanto não tivermos engolido o bocado antecedente. Ninguém imagina sem o ter experimentado quanto importa ser cauteloso na matéria deste capítulo! Metendo na boca os bocados sem tomarmos a deliberação de os irmos sucessivamente engolindo, chegamos por espaço de tempos a uma indefinida aglomeração de bocados dentro da nossa boca. As pessoas que insistem, por tenaz grosseria, em não engolirem os bocados que vão metendo consecutivamente na boca caem, ao cabo de alguns dias dessa terrível incúria, na dura necessidade de depositarem os bocados antigos que tenham entre a maxila superior e a maxila inferior, a fim de receberem bocados novos. Quando isto haja de se fazer convém que se tenha em vista o que o Sr. João Félix discretamente consigna com respeito aos escarros, isto é: que tais esvaziamentos se façam o menos que ser possa sobre os penteados das pessoas que nos cerquem, e muito mais particularmente quando estas tenham tido a precaução de nos advertir de que tais depósitos feitos sobre as suas cabeças lhes inspirem ideias asquerosas. (...)"

Rigor


Vamos ser rigorosos...! Parece que até agora não o éramos... Éramos uma espécie de diletantes, bem ou mal (segundo o ME) intencionados, uns gajos pouco cumpridores, razão pela qual a educação chegou onde chegou (isto é o ME a falar).
Temos de ser rigorosos, tanto como o ME. E devemos mesmo ser. Cumprir o nosso horário à risca, não deixar nem mais um minuto por conta da boa vontade. Não há mais boas vontades! Há o escrupuloso cumprimento do que nos é imposto. Se assim for, pode ser que alguns Conselhos Executivos façam chegar à tutela o péssimo ambiente que há nas escolas, o descontentamento que se apoderou de nós...com imenso rigor.
Sejamos rigorosos, portanto. O despacho 13599 assim obriga, o ECD vai mais longe... Temos uma carga lectiva, temos uma carga de escola, temos uma carga de reuniões, temos uma carga de casa..., temos um limite de faltas, temos imensos limites de progressão, só não temos um limite de trabalho, aí parece que tudo vale...
Mas não vale e não pode mesmo valer!
Se nos tratam como funcionários do papel, aqueles que cumprem o seu horário, seremos funcionários do papel, cumpridores de horários e... de tarefas... e nada mais!
Vamos cumprir, para não faltar.
Portanto, se temos no horário duas horas de reuniões, vamos cumprir. Não vamos é ficar 5 ou 6 horas em Pedagógico para que a escola funcione. Vamos cumprir! Vamos ser os profissionais cumpridores que até hoje não éramos.
Se temos projectos que nos tiram horas à família é porque os projectos estão a mais!
Se os alunos querem coisas diferentes, coisas que a escola sempre ofereceu (no tempo de casa dos professores), vamos exigir que se marquem no horário. Isto de trabalhar de borla tem de acabar.
Não há ou não deve haver relações na escola para além das estritamente marcadas nos horários. Sejamos profissionais! Muito profissionais! Se tivermos de prolongar as nossas horas de acompanhamento do que quer que seja, façamos informações de serviço aos Conselhos Executivos (para que tudo fique registado).
Qualquer coisa como "hoje, a miúda nº X, da turma Y, do ano N, chorou porque não teve a nota no teste que esperava e eu, professor profissional, fiquei no meu intervalo a falar com ela. Devem-me 20 minutos!!
Parece absurdo???
Absurdo é o tratamento que nos deram. O resto é só profissionalismo!
Pareço zangado???
Não pareço, estou mesmo!
E vou cumprir horários, e cumprir tarefas dentro do meu horário.
Quando a "hora" acabar, eu acabo...!!!
Pode ser que não me canse tanto como me cansava, que não invista tanto como investia e ainda assim consiga ser cumpridor... de horários.
Parece que até hoje não era!
Era só calão!
Este post é demasiado emocional?
Não!
Este é o post da racionalidade!
Emocional e enormemente profissional era o que fazia até agora!
Com o novo ECD, vou limitar-me a ver o que tenho de fazer para não ser mais castigado!
É que estou farto de ser castigado sem perceber porquê!

segunda-feira, novembro 27, 2006




Pastelaria

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio


Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante!


Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício


Não é verdade, rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola


Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come


Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:

Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora - ah, lá fora! - rir de tudo


No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra





Mário Cesariny


domingo, novembro 26, 2006

Castigos, avaliações e... invenções!

Hesitei! Hesitei muito. Não sabia (e ainda não sei) se devia relatar um exemplo pessoal, poderia parecer uma coisa egocêntrica, um "lá está ele preocupado com a vidinha dele", uma merdice sem sentido global. Mas os tempos vão tão maus que as hesitações se foram e aqui fica, ao correr do teclado, um testemunho.
Entrei aqui em 1984 para fazer uma substituição. Gostei, mas tive de sair! Voltei anos a fio em mini-concursos (viam-se as colocações à luz de isqueiro, na 24 de Julho ou na 5 de Outubro, à noite que era quando saíam - falta de respeito total). À medida que os anos passavam, os horários duravam mais tempo e o gosto foi-se entranhando. Era provisório (o que quer que isso queira dizer)! Alguns anos depois comecei a perceber que havia colegas efectivos e que para o ser tinha de fazer estágio. Mas não podia, o ME não chamava ninguém, nas universidades não nos queriam (faziam estágios integrados e os moços passavam-nos à frente nos concursos), já tinham gente de sobra, e nós permanecíamos provisórios. Fizemos uma associação de provisórios de História ( um grupo terrível na altura) e, depois de várias peripécias, lá conseguimos que o ME nos deixasse fazer estágio pela Universidade Aberta, desde que fôssemos nós a pagar. Pagámos o estágio inteirinho e já tinhamos passado muitos anos a leccionar! Fomos os primeiros QZP'S e deixámos de ser para ser QE'S. Parecia bom depois de tantos anos como provisórios! Estávamos longe, mas pronto, éramos de um QE! Fomo-nos aproximando, até já podíamos ter filhos e foi o que fizemos de melhor. Estávamos meio velhotes, mas os miúdos cá de casa compensavam a idade e nem tinham consciência que os pais já tinham trinta e muitos. A vida endireitava-se, pelo menos parecia, entre o gosto de dar aulas e os benefícios que isso trazia, a família (com muito esforço) lá havia de compreender que queríamos ser professores. E fomos! Mas além disso fomos pais, e psicólogos, e professores do ensino especial, e professores outra vez, e fomos de um Conselho Executivo e fomos Directores de Turma, e fomos de Conselhos Pedagógicos e fomos formadores de informática (a custo zero), com os custos de chatear os colegas que sabem de informática...
Já fomos tudo! Para o ME não fomos nada!!!! E não podemos progredir, mesmo que apresentemos em relatório os resultdos dos vários projectos em que estivemos envolvidos e em que o ME fez pressão para que nos envolvêssemos: Posso citar, assim de lembrança, os "Todos Diferentes, Todos Iguais", o "Entreculturas", o Nònio, o Prodep... o raio que os parta.!
Mas, no percurso, ainda construímos um Centro de Recursos que faz inveja à Finlândia e ainda fizemos várias páginas da internet das escolas, e blogs do nosso grupo...
Para quê? Para nada! Estamos impedidos de progredir! Para outros professores esta conversa nem faz sentido: estão impedidos de o ser (mesmo que tenham montes de anos de ensino). Professor actual é professor barato! Nem outra coisa seria de esperar depois da desvalorização intencional que estes seres cavernosos fizeram da classe docente! A escola vai melhorar??? Eu, que consegui fazer isto tudo, "sem ser avaliado, sem ser bom profissional", permito-me duvidar, muito, mas mesmo muito!!!!!!! Sinto-me o Professor Dodot, depois de limpar a merda que eles fazem, passo a ser descartável.
Para outros, mais novos, esta conversa nem tem sentido. Eles são a escumalha da educação (para o ME). São gente sem emprego, não são professores, professor é aquele que morre pobre e... missionário!
É a escola onde os valores são os valores do que se pode poupar.
E se eles se fossem ...???

sexta-feira, novembro 24, 2006

Uma coisa interessante neste dia 23-11-2006


"Assassinos a Soldo", assim se chama a versão portuguesa que tem vindo a ser preparada e que, como sempre, apresenta alguns problemas de tradução.
Ora digam lá se a tradução está bem feita...
"Assassinos a Soldo" - Uma Tragédia em Muitas Partes

domingo, novembro 12, 2006

Diz-se... mas é mentira, é claro!


Diz-se por aí, nos corredores das escolas, que La Sinistra, no seu elevado grau de competência legislativa, está a preparar medidas que vão revolucionar a educação no cantinho dos 10 000 000. São medidas fundamentais, necessárias, imprescindíveis: a) criação da disciplina de Poupança 1; b) criação da disciplina de Poupança 2 (com precedência); c) criação da disciplina de Poupança 3 (com aprovação do relatório de contas); d) criação de um quadro de contratados desempregados que poderão deixar de ser desempregados se se quiserem empregar de borla; e) criação de um quadro de supranumerários, que são aqueles que estão para além dos números apresentados no relatório de contas de Poupança 3; f) criação de um quadro de Aqui Parados na Carreira e activos, retroactivos, hiperactivos na trabalheira, de nome Baratos, por parte da mãe e do pai também!, g) criação de um quadro de titulares que são aqueles que vão pular em todos os lugares... São medidas que alteram substancialmente o Currículo Nacional, nada têm a ver com professores, mas apenas com melhorias necessárias à Educação. Todos estes quadros têm extinção prevista para breve, sendo criados em substituição quadros de vigilantes educativos, com vários graus de vigília e vigilância, sendo o último o dos professores titulares de todas as vigílias e vigilâncias: O Grande Vigilante que nos há-de a todos ensinar... a educar e a poupar!

sexta-feira, novembro 10, 2006

Respeitinho!













Esta coisa começou mal!
É que tenho tendência a ficar chateado quando me chamam calaceiro, preguiçoso e outros dichotes...
Já ficaria se fosse um gajo qualquer da rua que me chamasse isso, mas fico mais quando é a ministra que o afirma, ou que o dá a entender, ou que o insinua.
Fico chateado!
Não que isso tenha uma importância por aí além, mas fico...
E se ao gajo da rua eu responderia com argumentos de pacifista em dia de greve, à ministra perdi-lhe o respeito... totalmente!
Não gosto de ser insultado, chateia-me ser insultado, aborrece-me!
E mais, ainda gosto menos de ser subvalorizado para me poderem legalmente roubar! Aborrece-me muitíssimo!
Ora é isto tudo que o novíssimo ECD consagra! A desvalorização completa de uma profissão que é composta, segundo a tutela, por profissionais parasitas, calaceiros e preguiçosos e, por isso, têm de ser castigados, têm de ficar Aqui Parados...! Ou isso, ou têm de ser reeducados, com base na ética do trabalho em excesso e despropositado que os há-de libertar... para uma estagnação na progressão.
Não se pode oficialmente progredir porque isso sai caro!
Preparou-se o terreno nos media, mandaram-se alguns comentadores dizer que assim é que deve ser, alguns economistas de renome (os mesmos que puseram Portugal no leque dos países mais ricos da UE) juraram a pés juntos que nem pode ser de outra maneira, excelentes são só alguns e basta saber fazer contas para saber quantos são (é isso que ensina a mãe de todas as ciências, a mais importante, a Economia, e a tia, a Política, não contradiz).
Ora bolas, isto chateia-me, mas isto é a mim que sou popular (do povo) e que queria progredir e não posso.
Era como dizer ao Miguel Sousa Tavares, querendo ele escrever o Equador, que não podia passar do Bojador. O tipo não ia gostar! E às tantas havia de se queixar de falta de respeito e afirmar que queria ser respeitado e que queria liberdade para progredir até ao Equador!
Pois bem, a falta de respeito para com os professores é total!
É mesmo um caso exemplar, em que os responsáveis se dão ao luxo de desconsiderar publicamente uma classe inteira de profissionais, a bem do país e da nação!
De que país e de que nação estarão a falar? Do país da corrupção, dos privilégios, da nação dos amigos?
Confesso-me pouco inteligente para entender os nossos governantes. Mas digo também que não sou nem nunca fui loiro!
Mas o respeitinho é bonito e eu gosto!

Se não o tiver, dispenso-me de o exercer!

terça-feira, novembro 07, 2006

PFP sobre o ECD - Perguntas frequentemente perguntadas sobre o ECD


O que é o ECD?

O ECD é um estatuto de uma carreira, supostamente docente.

Para que serve um estatuto de uma carreira?

Para organizar a carreira, definir funções, adequar a prática profissional dos docentes a ideias que estruturam a educação.

Que ideias são essas?

O Ministério não sabe!. O Ministério diz tê-las, mas não é seguro em que departamento estarão guardadas.

Quem pode apresentar essas ideias?

Toda a gente, mas têm sido privilegiados os comentadores televisivos, os economistas reformados e simultaneamente no activo, os reformadores moralizantes da vida pública, com ordenados, privilégios e benesses pessoais chocantes em termos sociais.

As pessoas "preocupadas com o futuro do país" podem apresentar as suas ideias?

Podem, desde que sejam comentadoreiros de imagem reconhecida, assessores de alguma empresa com subsídios comunitários, membros do governo, economistas em geral, sobretudo os que afirmam não ter responsabilidades no estado da nação.

Os profissionais do sector também podem apresentar propostas?

Podem, desde que o façam baixinho e de preferência caladinhos.

Existem medidas significativas para a educação no ECD?

Existem várias medidas muito significativas que se centram em dois temas fundamentais: reduzir e aumentar.

Reduzir e aumentar??? Isso não é contraditório?

Não! Nada!
Reduzir professores, reduzir o número de contratados (para o ME não são professores) reduzir a possibilidade de ter carreira, reduzir a progressão na mesma, reduzir salários, reduzir direitos elementares como o de estar doente, reduzir o tempo de preparação de aulas, reduzir o tempo para os professores se actualizarem, reduzir o tempo para concertarem estratégias e procedimentos, reduzir a possibilidade de ser bom professor, reduzir a imagem do professor à imagem de pária social, reduzir o papel do professor na escola que passa a ser um faz-tudo baratinho, reduzir os professores a executantes de medidas a metro com a lógica do milímetro, reduzir o estatuto e o prestígio dos professores (afinal eles são os pais e as mães dos males da escola) reduzir a despesa/investimento na educação a um nível digamos…. muito reduzido.

Então o que é que vai aumentar??

Aumenta o trabalho com menos salário, aumentam as horas lectivas disfarçadas de actividades educativas, aumenta a idade da reforma, aumenta o número de desempregados, aumentam os despedimentos, aumenta a não contratação de docentes, aumenta o trabalho escravo que permite isto tudo, aumenta a quantidade de tarefas exigidas aos professores, aumenta o disparate na avaliação dos docentes (aberta a tios, primas e outros familiares em quarto grau) aumenta a impossibilidade de se ser excelente dada a multiplicidade de tarefas diferentes exigidas, aumenta a falta de tempo de preparação para isso tudo, aumenta a exigência de excelência com condições de demência, aumenta a tentativa de levar à prática o adágio “querer ópera séria pelo preço da ópera bufa”, aumenta a impossibilidade de progressão na carreira, aumenta a manutenção de muitos dos professores em condições salariais de saldo, aumenta o desprestígio da profissão (essa a intenção), aumenta a escola dos desmotivados e paralisados, aumenta o nível de loucura para um nível… aumentado.

E não se cria nada de novo?

Sim, seguramente! Cria-se poupança imediata e irracional, cria-se a breve trecho a escola pública manhosa, onde ninguém quererá leccionar, cria-se um sistema de precariedade onde ninguém quererá estar…

Ainda há quem queira ser professor??

Sim há! Os excelentes professores que estão no ensino e que já eram professores antes de a ministra ser ministra, e que continuam a ser professores enquanto a ministra continua surda, arrogante e prepotente.

Mas a educação não é importante para o país?

É muito importante, até os responsáveis dizem o mesmo, mas fazem tudo para que não seja, e desconsideram os seus profissionais para que a sua profissão seja subvalorizada.

Isso não é um paradoxo? O que é um paradoxo?
Um paradoxo é tudo isto…!
E é apenas isto?
Não!! Também é ter uma ministra da educação que a não tem!

domingo, novembro 05, 2006

Actividades Educativas







Procurando no google (imagens) por actividades educativas apareceu-me isto:



















Fiquei na dúvida! Devemos fazê-las ou não? Estas são pagas? Implicam uma nova proposta para o conteúdo funcional dos docentes?
Tudo coisas a perguntar a Maria das Actividades Educativas a Preço Zero, MAEPZ para os íntimos.

o S de quem?




Salazar, no seu culto do chefe e do sacrifício nacional, do Portugal dos Pobrezinhos Obedientes, servia-se de uma propaganda bastante activa que exaltava a figura do chefe e das medidas de salvação nacional. Tudo servia: eram as Lições de Salazar, eram os livros da escola, a exposição do Mundo Português, a Mocidade Portuguesa com a fivela do cinto com um "S".
Diziam-se piadas, murmuradas, acerca do "S".
Mas propaganda a sério é agora. Tudo serve, desde que dê visibilidade... Até revistas no estrangeiro (ehehehehe).
Parece que os professores e os alunos terão de voltar a usar cinto uniforme, com um "S" igualmente, sabe-se lá porquê...
As piadas adaptam-se e as canções ganham novos refrões.
Pode ser que este se aplique:

"Sou soldado socialista
Sem Sócrates saber
Se Sócrates soubesse
Seria sério sarilho. "

Mas pior, pior, será se Sócrates e a Maria das Actividades Educativas Isentas de Salário se juntam na fábrica dos cintos.
É que cintos "SM" já será um bocadinho demais...

quinta-feira, novembro 02, 2006

Renoir - Raparigas de Preto

XLVI
(Finjo que não vejo as mulheres que passam, mas vejo)


De súbito, o diabinho que me dançava nos olhos,
mal viu a menina atravessar a rua,
saltou num ímpeto de besouro
e despiu-a toda...

E a Que-Sempre-Tanto-Se-Recata
ficou nua,
sonambulamente nua,
com um seio de ouro
e outro de prata.

José Gomes Ferreira

A maior desgraça que pode acontecer a um artista é começar pela literatura, em vez de começar pela vida.
Miguel Torga

procure outras florestas, outras árvores, não hesite...